Existe uma proposta de se construir uma infraestrutura para estimular o turismo e atividades esportivas no alto do Morro do Macaco, mas nada foi apresentado sobre o que será feito para garantir a proteção da bioversidade e das paisagens naturais que tornam a APA tão importante e atrativa para os visitantes. Isso é preocupante.
Vale lembrar que a vegetação do Morro do Macaco abriga espécies animais ameaçadas de extinção, sendo a vegetação do seu topo o único lugar do planeta em que é possível encontrar uma espécie vegetal descoberta em 2015 por cientistas de Iporá.
Antes de se utilizar recursos públicos para se construir obras no topo da APA, estudos técnicos sérios precisam ser realizados para garantir a viabilidade dos investimentos e a manutenção que será preciso realizar ao longo dos anos, além de se promover a proteção da biodiversidade e danos mínimos ao meio ambiente local.
Vale relembrar que Iporá possui o Parque Municipal da Cachoeirinha, localizado na cidade, cuja restauração e construção de obras atrairia muito mais turistas e menores gastos públicos.
Há mais de 26 anos, o Morro do Macaco é considerado uma Área de Proteção Ambiental (APA) pela legislação municipal de Iporá. Desde de novembro de 2021, essa APA também passou a ser considerada patrimônio natural de relevância paisagística, cultural, histórica e turística de Iporá.
Infelizmente, essas ações do poder público municipal que poderiam viabilizar a proteção e o uso responsável da APA Morro do Macaco não são concretas, só existem no texto das leis aprovadas.
Embora seja um local com rico potencial turístico e favorável ao desenvolvimento de estudos científicos e a prática do voo livre, a APA Morro do Macaco nunca recebeu manejo adequado para que essas atividades pudessem ocorrer de forma sustentável.
Ano após ano, esse patrimônio dos iporaenses sofre com a poluição causada pelo lixo deixado por visitantes, o desmatamento em alguns trechos, principalmente em suas bordas e no topo, sem falar em nenhuma iniciativa que impedisse o uso predatório dos pontos mais visitados, localizados no topo do morro.
Como resultado, grama sintética foi utilizada para cobrir algumas áreas do topo. Fogueiras são acesas, com potencial de causar incêndios na vegetação. Este ano, a combinação da seca severa, relevo íngreme e ação humana, uma queimada de enorme proporção destruiu uma enorme área de vegetação, que demorará anos para se recuperar.
Alex Batista Moreira Rios é ambientalista atuante e professor na Escola Municipal Cristiano Carlos Friaça, de São Luís de Montes Belos