Tive relacionamento com o professor Itamar Paes de Souza desde 1996, quando ele e a esposa Silda Lorena, voltaram à terra natal, depois de estudos e trabalho fora, em Goiânia. Desde então o admirei, como geralmente admiro os que conseguem serem desprendidos dos interesses estritamente materiais e pessoais e que encontram prazer na luta em favor de interesse mais amplo, ou seja, no interesse coletivo de uma comunidade.
Itamar era desses, tal como José Antônio da Silva Sobrinho, Valdesom Lima, Deusdete José de Oliveira e outros. Estes eram iporaenses, os quais, quando você se aproximava deles para conversar, nãos os ouvia falar de bens materiais para si. É muito comum na sociedade moderna cada um fazer prevalecer no seu foco a busca por mais dinheiro, melhor salário, bolar uma estratégia para enriquecer…
Nunca ouvi o Prof. Itamar reclamar do salário, dizer que tinha um plano para faturar mais grana e nunca o ouvi contar que seu sonho era ter muitos bens materiais. Não! Seu foco era outro. Com ele, a conversa sempre era levada a falar sobre a cidade, os problemas, a busca de soluções… Nele, o coletivo falava mais alto: cidade, estado, a nação, a humanidade…
Na semana passada perdemos esse amigo. Passa a estar fisicamente longe. Permanece a inspiração do seu estilo de vida. É um tipo que não é comum. Afinal, pensar em si próprio (e só em si) é o que quase sempre prevalece na grande maioria. Relembrar Prof. Itamar será referenciá-lo ao ideal do interesse coletivo. Por fica nosso registro, nossa saudade. Vale a pena o registro em ocasião quando os que estão na lida pública estão auferindo vantagens pessoais, escriturando bens em seu nome, aumentando patrimônio em condição acima dos rendimentos e, portanto, de forma desonesta.
Itamar foi diretor da UEG por dois mandatos e foi secretário municipal de educação. Era simples, correto, defensor da boa educação e dos valores culturais. No dia em que lancei meu livro, embora numa noite de muita chuva, apareceu por, molhado (com a esposa Silda) para me prestigiar e incentivar. Itamar era da boa prosa e do ideal. Perdemos um grande companheiro. Que sua lembrança nos inspire a repensar valores.