Ter ideias próprias, ser a favor disso e contra aquilo, ter uma marca ideológica, enfim, possuir um rumo que tenha a ver com convicções pessoais, isso pouco contou nestes últimos dias, quando em Iporá os políticos tiveram que definir onde ficariam para disputar a eleição de 4 de outubro.
O que os nossos políticos de Iporá focaram foi no oportunismo de ser eleito ou reeleito, o que demonstra ambição, muita ambição por cargo de vereador. Mas e o conteúdo ideológico desse que pretende ser eleito ou reeleito? Não seria bom que cada partido determinasse um tipo de pensamento?
No Brasil os partidos perderam a essência de ideias. Teria que ser assim: de cá, os capitalistas. Ali, os comunistas. Acolá, os socialistas. Aqui, os liberais. Mais adiante, os neo-liberais. Em uma sigla só os da social democracia e mais acolá os que são pelo trabalhismo. Uns seriam pelo sindicalismo. Uma outra sigla seria de identificação com os movimentos populares e ainda um outro com bandeira do meio ambiente. Enfim, são várias formas de pensar. E partidos foram criados para abrigar uma certa ideologia. Cada partido, em essência, tem (ou teria que ter) o seu jeito de ver a lida pública.
Claro que a reforma política fez com que o número de partidos fosse reduzido. Mesmo assim, existem atualmente partidos e formas de pensar, os quais, em tese, estão representados nestas siglas. Mas nada disso foi levado em conta neste mês de março de 2020 e até 4 de abril, quando esgotou o prazo para decidir onde ficar para disputar a eleição.
Onde será mais fácil para que eu vença a eleição??? Essa foi pergunta que o político de Iporá fez para si mesmo e para os seus mais próximos, antes de decidir onde filiar ou para onde mudar sua filiação. E então esses políticos que estavam em pequenos partidos, onde não tinha bom número de candidatos, viram que ali não haveria soma suficiente para chegar ao coeficiente e com isso haver, dentre eles, um ou mais eleitos. Nessa hora decidiram sair. E na hora da busca por outro rumo não importaram em olhar a história do partido onde estavam adentrando, sua característica, sua história e aquilo que a sigla se propõe a defender.
Observando perfis de iporaenses vemos que alguns nesta cidade com vocação para esquerdistas, foram parar no DEM. Ora, o DEM é um partido em essência direitista, de político neo-liberal. Os que foram parar no Cidadania nem quiseram saber que este partido é sucessor do Partido Comunista do Brasil e que se se tornou depois o PPS (Partido Popular Socialista) para se adequar a novos tempos, com a queda do comunismo. No ano passado o PPS mudou o nome para Cidadania e durante todo este tempo teve como líder o Roberto Freire, que é homem essencialmente de esquerda e, claro, tem um programa de partido voltado para esta tendência. Até o vice–governador de Goiás, atualmente, está neste partido. E Lincohn Tejota, presidente do partido no Estado, não tem nada de esquerda na pessoa dele.
Em Iporá, uma significativa turma de novos que querem disputar cargo de vereador foram para o Republicanos. Será que sabem o que é a essência desse partido? Republicanos surgiu com a essência de ser um partido municipalista. Era o Partido Municipalista Renovador, que se tornou e até pouco tempo foi o Partido Republicano Brasileiro (PRB). Só agora se tornou o Republicanos e, em doutrina partidária, tem lá suas convicções. Os novos membros pesquisaram isso?
Outra sigla que em Iporá muitos aglomeraram foi no Partido Social Liberal (PSL), que é um partido político brasileiro historicamente alinhado ao social-liberalismo, mas atualmente liberal apenas no âmbito econômico, defendendo o conservadorismo nos costumes. O presidente Jair Bolsonaro foi eleito por ele, mas saiu do mesmo, depois de muitas desavenças com seus líderes.
E existem outros partidos em Iporá que também possuem esse tipo de recheio. Enfim, cada partido, em essência, tem uma ideia, representando um segmento do pensamento político de um povo. Estar nele teria que significar possuir certas marcas ideológicas. Será que nossos políticos iporaenses levaram em conta isso? Parece que não. Na recente onda de filiações o que prevaleceu foi resposta para a pergunta oportunista: Onde será que é mais fácil para que eu me eleja ou reeleja?
Ao se sentir com chances de ser eleito o candidato imagina que, naquele partido, ele é um dos mais fortes, que alguns serão eleitos e que ele, por ser um dos eleitoralmente mais fortes, será um destes e uma grande maioria ali, considera-os mais fracos em votos do que ele, e que estes vão o ajudar, na medida que fazem a legenda ter o número de votos que significa coeficiente eleitoral. Tudo isso, além das mudanças por espertezas, de quem percebe que o líder político de seu partido vai fracassar, e então muda de lado para, quem sabe, ficar no grupo de um novo líder que poderá vencer a eleição para prefeito. Esse é o jogo. É apenas um jogo. Não se falam de ideias.