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WhatsApp e a pandemia de mentiras

No Brasil, o WhatsApp é o principal vetor para a propagação de notícias falsas.

“Há sete séculos, sete pombas brancas levantaram voo de um vale profundo rumo aos cumes recobertos de neve. Um dos sete homens que as viram disse: Vejo uma pinta negra nas asas da sétima pomba. Hoje, naquele vale, o povo fala de sete pombas negras que levantaram voo rumo aos cumes da montanha nevada”, a parábola de Khalil Gibran nunca foi tão atual em tempos de WhatsApp. O que vale são as versões, não os fatos. 

 

Segundo o Relatório de Notícias Digitais 2021, do Instituto Reuters, o aplicativo é o principal meio de propagação de notícias falsas no Brasil. Outra pesquisa, elaborada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostrou que 73,7% das fakenews sobre a pandemia da Covid-19 foram espalhadas pelo WhatsApp. 

 

Mesmo que boatos já existissem antes das redes sociais, foi a partir da popularização do aplicativo que o fenômeno “pandemia de mentiras” ganhou força no mundo, catapultado e impulsionado pelas eleições presidenciais de 2016, nos Estados Unidos. Naquele ano, notícias falsas sobre as eleições tiveram mais alcance nas redes sociais do que as principais manchetes eleitorais de 19 grandes publicações tradicionais americanas, incluindo os gigantes “The New York Times” e a “NBC News”. O Facebook, empresa controladora do Instagran e WhatsApp, reconheceu que 126 milhões de usuários foram expostos a fakenews, na época, o que exerceu influência direta na vitória de Donald Trump. 

 

Apesar da promessa do Facebook, pressionado, pelo Congresso Americano, a buscar alternativas para conter “a pandemia de mentiras”, os boatos continuaram crescendo e, dois anos depois, as eleições legislativas nos EUA foram cercadas de um número ainda maior de mentiras. O fenômeno foi importado para o Brasil, que também teve as eleições presidenciais, de 2018, marcadas pela disseminação generalizada de notícias falsas. 

 

Em 2019, a deputada Joice Hasselman (PSL), ex-aliada do presidente eleito, Jair Bolsonaro, denunciou a existência do “gabinete do ódio”, um grupo de servidores destinado à propagação de mentiras nas redes sociais, com ênfase nos grupos de WhatsApp. 

 

Mas por que o principal alvo de mentiras seriam esses grupos? Uma pesquisa realizada pelo Datafolha traz a resposta: 57% dos eleitores de Bolsonaro afirmam informar-se sobre política por meio do aplicativo. 

 

Segundo um estudo, realizado pela Universidade de São Paulo (USP), os grupos de família são o principal vetor de fakenews no WhatsApp, já que as informações vêm de pessoas próximas, em tese, confiáveis.Um dos autores da pesquisa, o professor Pablo Ortellado, disse à BBC que “grupos de família são ambientes mais íntimos, que permitem o compartilhamento de conteúdos mais especulativos sem que quem compartilhe seja alvo de julgamento”.

 

A Organização dos Estados Americanos (OEA) chegou a afirmar que a propagação de boatos, pelo aplicativo de mensagens, no Brasil, é um fenômeno preocupante e “sem precedentes na história do país”. 

 

Por ser um acontecimento recente, ainda não é possível mensurar as consequências da desinformação, em todo o mundo. Mas, partindo do pressuposto de que as notícias ajudaram a construir a história da humanidade, um futuro baseado em mentiras, certamente, será um período de trevas.

Alternativas para controle das fakenews começam a surgir. O WhatsApp, inclusive, lançou recentemente um recurso para combater notícias falsas. Mensagens virais, agora, são acompanhadas por um botão de lupa, que leva o usuário a fazer uma busca sobre a veracidade da informação, no Google. Mas, ainda, são medidas tímidas, perto da avalanche de mentiras que inundam os smartphones de 2,2 bilhões de usuários, em todo o mundo, sendo mais 150 milhões apenas no Brasil.

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