Os porquês Horácio Neto matou Vanessa. Peritos explicam tudo
Em entrevista coletiva peritos deixaram claro que:
01 – Seria muito difícil que elementos em uma moto, em momento quando ainda tinha escuridão, conseguissem fazer abordagem em um carro a 110 km/hora e que tem insufilme nos quatro lados e de vidros levantados.
02 – É muito difícil que o suposto bandido pudesse dirigir o veículo o tempo todo sem desligá-lo, tendo uma mão ao volante, soltar o freio de mão depois que o carro retomou a marcha, segurar a arma com outra, estar diante de uma mulher nervosa e falante e ainda conseguisse contornar o carro no meio da rodovia para vir de volta para a direção de Iporá. Acrescente-se a isso que ele estava de capacete e com um homem logo atrás.
03 – Há um lapso temporal de no mínimo 30 minutos entre o fato narrado por Horácio Neto e o que foi percebido no GPS do celular dele. O tempo não bate.
04 – É inverossímil que o motoqueiro que Horácio disse que vinha atrás do carro tenha chegado no local final, na estrada de Ivolândia, na mesma hora que o veículo de quatro rodas chegou, uma vez que o veículo de duas rodas não consegue acompanhar aquele. Na reconstituição, isto não foi possível.
05 – O tiro que Vanessa Camargo levou, da base do crânio para o alto, é em posição que não condiz com uma pessoa que estava o tempo todo discutindo com o bandido. A posição que ela sofreu o tiro e morreu é de quem estava em repouso no banco, talvez até dormindo. Foi da direção malar esquerda para a parietal direita. E ela estava em um repouso, com pernas cruzadas no piso do carro e as mãos repousadas sobre o colo. Portanto, era alguém que repousava e que, em hora nenhum lutou com alguém.
06 – É inconcebível que o Horácio Neto, conforme disse, tenha ficado mais de uma hora debruçado no banco atrás, imóvel, já que ninguém consegue isso, uma vez que em um tempo desse o corpo dá sinais de fadiga.
07 – É incongruente a fala dele de que na altura do lixão o suposto bandido atirou sem dizer nada. Não avisou que ia matar. Portanto, não foi tiro acidental. Simplesmente diminuiu a velocidade e atirou.
08 – É impossível que o filho dele de menos de dois anos estivesse esse tempo todo dormindo no banquinho de criança e mesmo com todo esse alvoroço de bandido e discussão, trepidação de estrada de chão, ele tenha acordado somente na hora do tiro. Impossível.
09 – Foi muita frieza dele afirmar que, após ouvir o tiro, tenha primeiro apalpado o filho para ver como estava. Não demostrou, de imediato, preocupação com a esposa atirada.
10 – Não dá para acreditar na versão de Horácio Neto que disse que o bandido perdeu o controle do carro quando este parou no ponto final e quando abandonaram o veículo. Na verdade, o carro ficou em um local onde uma patrola fez um acostamento de escolar água, local apropriado para se estacionar e um carro incontrolado não iria parar exatamente ali.
11 – Ele diz de algo difícil de acontecer quando cita que a esposa ficou por 40 minutos agonizando e o filho chorando. Ora, a forma como o tiro a atingiu não permite que agonize. A morte deve ter sido imediata.
Outras afirmações
O exame nas mãos do Horácio quanto a sinais de pólvora deu negativo, mas isso não diz muita coisa. Isso serve para verificar na mão da pessoa que disparou resíduos de chumbo. Mas esse exame é só um guia. Não serve de inclusão ou exclusão. Existem casos em que não fica esse resíduo. O perito afirma que Horácio já tinha dito antes que se achasse pólvora na mão dele era porque estava com a mão sobre a cabeça, quando estava debruçado, lá atrás, sobre o banco do carro. Para o perito, ele se precaveu, afirmando isso.
O perito afirma ainda que não foi possível tirar conclusões de digitais em pontos essenciais do veículo pois não se tinha superfície lisa. Por exemplo, em um volante com superfície de couro isso é impossível, bem como em outras partes do veículo. A perícia até que tentou, mas não conseguiu levantar identidade de alguém quanto a isso. Acrescente-se a isso que não havia locais que seguramente teria sido tocados somente pelo suposto autor.
Entrevista coletiva
Nesta tarde de terça-feira, 10, Ercimar Vieira Rodrigues, que está à frente da Regional de Polícia Científica, convocou a imprensa para uma entrevista coletiva a respeito do “Caso Vanessa”, especialmente sobre as perícias que foram solicitadas pela Polícia Civil dentro do inquérito que apurou a autoria de Horácio Neto, acusado de assassinar a esposa.
Em sala do órgão, com projetor que expôs fotos, o perito criminal Pedro Arcanjo, acompanhado também de Kelly Bruno, também perito criminal, falou demorada e detalhadamente sobre as perícias feitas no local do crime, no trajeto de rodovias e na casa do acusado, de onde extraíram laudos expedidos para o inquérito.
Ercimar Vieira Rodrigues, Pedro Arcanjo e Kelly Bruno