Seria nesta segunda-feira, 21, o julgamento de Horácio Neto, réu suspeito de assassinar a esposa Wanessa Camargo. Mas esse julgamento foi adiado para data indeterminada. A família da vítima e quem da área jurídica trabalha no caso, acredita que houve manobra jurídica da defesa do réu para que este adiamento ocorresse. A defesa de Horácio Neto está agora com outro advogado. Palmestron Cabral não está mais no caso. O advogado agora é Roberto Guerra. A reportagem tentou contato com ele, mas não conseguiu.
Trata-se agora do julgamento do recurso de apelação quanto a réu que já sofreu uma condenação por ter supostamente assassinado a esposa grávida da filha Isis.
O crime
Segundo detalhado na denúncia, Horácio e Vanessa eram casados desde janeiro de 2014 e, em decorrência dessa união, tiveram um filho, que, à época do crime, tinha 1 ano. Apurou-se ainda que a vítima estava grávida de aproximadamente, 4 meses, ficando demonstrado que o denunciado era pai biológico do nascituro.
Verificou-se também que Vanessa, mesmo residindo em Iporá com sua família desde o seu casamento, cerca de quatro meses antes do fato, passou a exercer o cargo de gerente da Natura na cidade de Goiânia, onde permanecia por volta de quatro dias durante a semana. Nesse contexto, a vítima tinha o costume de viajar para Goiânia às segundas-feiras, ainda durante a madrugada, retornando para Iporá geralmente às quintas-feiras.
No dia do crime, segundo apontado na peça acusatória, uma segunda-feira, Horácio, Vanessa e o filho do casal saíram da residência onde moravam, no Bairro Mato Grosso, em Iporá-GO, por volta de 5h31, com destino a Goiânia, onde a vítima tinha um compromisso profissional. No trajeto entre o residencial onde moravam e a rodovia estadual não pavimentada GO-320 (zona rural de Ivolândia), no interior do veículo, Horácio deflagrou um disparo de uma arma de fogo a curta distância no rosto da vítima, que estava no banco de passageiro, causando-lhe a morte.
A denúncia ressalta que o crime aconteceu na presença do filho do casal, que estava sentado na cadeira infantil, no banco traseiro do carro. Apurou-se também que Horácio agiu assim porque a mulher havia manifestado a intenção de se separar dele, por insatisfação com o relacionamento. Para praticar o crime, afirma a peça acusatória, o denunciado dissimulou seus atos, pois ocultou sua verdadeira intenção homicida, fingindo que levaria sua esposa e filho para Goiânia, onde ela tinha compromisso profissional.
De acordo com a promotora, o denunciado também se utilizou de outro recurso que dificultou a defesa da vítima, pois, efetuou o disparo no momento em que ela se encontrava em posição de repouso no banco de passageiro do veículo. Além de provocar a morte da mulher, o disparo levou ao aborto, interrompendo a vida intrauterina do feto, decorrente da morte da gestante.
Por fim, após concluir seu intento criminoso, Horácio Neto modificou o estado de lugar ou de coisa do crime. Desse modo, além de ter ocultado a arma de fogo usada, na condução do veículo, deslocou-se por cerca de 34 km da rodovia GO-320, sentido Iporá-Ivolândia, e, já na zona rural de Ivolândia, colocou o carro de maneira suave em um recuo (vala de escoamento), à margem esquerda da rodovia. “A finalidade do denunciado era induzir a erro juiz ou perito para produzir efeito em processo penal”, afirmou Margarida Liones.
Ela acrescenta que Horácio pretendia reforçar sua versão, sustentada perante os policiais militares que atenderam à ocorrência e na Polícia Civil. Segundo a versão do denunciado, ele foi abordado por duas pessoas, em uma motocicleta, enquanto transitava na GO-060, quando um dos suspeitos teria assumido a condução do carro, determinando que ele passasse para a parte traseira. De acordo com o denunciado, esse agressor teria efetuado um disparo de arma de fogo contra a vítima e abandonado o carro na GO-320, empreendendo fuga com a ajuda de um comparsa, sem levar nenhum objeto.
“Todavia, esta versão foi descartada durante as investigações policiais, que constataram que Horácio Neto é o autor do crime praticado contra sua mulher, Vanessa Soares”, concluiu a promotora. (Texto: Cristina Rosa / Assessoria de Comunicação do MP-GO)
Sobre o primeiro julgamento
Terminou depois da meia noite da sexta-feira, 7 de novembro de 2020, um dos julgamentos mais emocionantes de tribunal do júri em Iporá. Horácio Rozendo Araújo Neto, que nos últimos três anos esteve no noticiário como acusado de matar a esposa Vanessa Camargo, sentou no banco dos réus.
Em um julgamento de mais de doze horas, ele recebeu ao final uma condenação de 29 anos, 6 meses e 20 dias de prisão em regime fechado. O Juiz Wander Soares da Fonseca, ao ler a sentença, citou o crime como homicídio qualificado por motivo torpe e ainda somado ao mesmo o aborto e a prática de burlar o cenário do crime (fraude processual).
Foi condenado de assassinar a esposa Vanessa Camargo, de 28 anos e que estava grávida de 4 meses de uma filha que iria se chamar Ísis.
O Tribunal do Juri foi presidido pelo Juiz Wander Soares Fonseca, tendo na defesa o advogado Palmestron Francisco Cabral, que ao ouvir a sentença anunciou a interposição de recurso. Na acusação atuou o promotor Luís Gustavo Soares Alves, que demostrou muito conhecimento sobre o caso, clamando por punição. Ele teve como assistente de acusação o advogado João Francisco. Com transmissão pela internet (Youtube), o julgamento foi de grande audiência e expectativa.
O corpo de jurados foi constituído por 4 mulheres e 3 homens. Desfilam diante deles, versões para aquele dia 31 de julho de 2017, quando o casal saiu muito cedo para Goiânia e quando ocorreu o trágico fato.
No meio da noite, populares que estavam diante do fórum, comemoraram a condenação de Horácio Rozendo Araújo Neto.