As chuvas caem abundantemente na região de Iporá. Assim está sendo neste mês de dezembro, como foi no mês passado. Com as chuvas vem a reflexão sobre a a possibilidade de se eliminar a crise hídrica no abastecimento da cidade em período de estiagem. Para abordar este assunto com informações técnicas, a reportagem entrou em contato com o Campus de Iporá da Universidade Estadual de Goiás (UEG), mais precisamente com os do curso de Geografia, onde os professores Flávio Alves de Sousa e Valdir Specian, ambos atuantes no Laboratório de Geomorfologia e Estudos de Solos e Laboratório de Estudos do Ambiente e Território (LEAT), mostraram números de precipitação pluviométrica e comentaram sobre a relação entre chuvas e volume de vazão de mananciais para períodos de estiagem.
Informam eles que o mês de novembro em Iporá foi marcado por intensa precipitação pluviométrica (chuvas), conforme gráfico abaixo. O total de chuvas foi de 329 mm, são 38 mm acima da média histórica registrada para o mesmo mês em Iporá. Dos trinta (30) dias do mês, foram registrados 21 dias com chuvas, contrapondo a média de 17 dias de chuvas para os últimos seis (06) anos.
Afirmam os professores que, de maneira geral, a água das chuvas nos climas tropicais é a principal fonte de água para os solos, para o abastecimento do lençol freático e para o aumento da vazão dos rios.
“Um volume maior de chuvas em dado período, pode aumentar a disponibilidade de água no solo, que tenderá à saturação. A água no solo, entretanto, tenderá a se redistribuir conforme as chuvas cessam ou diminuem”, explicam os geógrafos, acrescentando que “nos picos de excedente hídrico haverá uma maior ação gravitacional da água do solo deslocando-se para o lençol freático, e, na medida em que a alimentação pelas chuvas diminui, haverá uma ascensão capilar da água do solo nas camadas mais próximas da superfície, e continuando a falta de chuva haverá uma retenção das moléculas de água pelas partículas de solo (tensão matricial)”.
Os professores Flávio Alves de Sousa e Valdir Specian explicam ainda que, todavia, um acréscimo maior de chuva, acresce também o tempo de permanência de água nos solos e a recarga do lençol freático, que durante os períodos mais secos irão atuar no fornecimento de água para o sistema hídrico superficial (rios). Entretanto deve-se considerar que outros fatores colaboram para esta manutenção ou não, como as características físicas dos solos, a cobertura vegetal e o tipo de uso e manejo dos solos.
Cabe destacar que a maior parte dos solos na bacia do ribeirão Santo Antônio apresenta textura média ou franca onde a capacidade de percolação é sempre maior que a de retenção.
Gráfico de vazão do córrego Santo Antônio, na altura da barragem de captação de água. Na segunda-feira passada, 3, o chefe do escritório regional da Saneago, João José Gomes Dias, acompanhado pela reportagem do OG, fez medição da vazão, a qual aqui aparece, incorporada ao gráfico de meses anteriores. Mesmo no período chuvoso, a Saneago está com disposição para mensalmente fazer este acompanhamento.