Oívlis Áldrin Charles Morbeck Barros de Souza, que em Iporá é serventuário da Justiça e que voluntariamente tem atuado na área ambiental, a pedido do Oeste Goiano, faz a presente reflexão. Ele discorre sobre o desperdício de alimentos, fato que é mundial e, inclusive, no plano regional. Os municípios do Oeste Goiano não possuem políticas públicas voltadas para a conscientização e orientação sobre o problema aqui tratado ou sua redução. Vamos ao texto:
Em apenas 2 séculos a população do planeta se multiplicou por 7. No início do século XIX éramos 1 bilhão. Hoje já somos mais de 7 bilhões de pessoas no mundo. Como oferecer alimentos para uma população que deverá chegar ao final deste século em 10 bilhões de pessoas? Como alimentar tanta gente, se os estoques de água doce e de solo fértil estão diminuindo? Há alimento para todos?
A resposta é sim, há alimento para todos, mas ele é mal distribuído e desperdiçado.
Os consumidores dos países ricos jogam na lixeira alimentos perfeitamente comestíveis: o desperdício por pessoa é de 105 kg anuais na Europa e na América do Norte, enquanto em alguns países da África, Ásia e semiárido brasileiro são jogados somente 8 kg por pessoa.
No mundo aproximadamente 33% dos alimentos é desperdiçado, o que corresponde a 1,3 bilhão de toneladas por ano, ocasionando um problema econômico, social e ambiental. 870 milhões de pessoas passam fome no mundo diariamente.
O Brasil é o 2º maior produtor internacional de alimentos, porém somos um dos maiores em desperdício do mundo, e segundo o Instituto Akatu aproximadamente 64% do que se planta no Brasil é perdido ao longo da cadeia produtiva, assim distribuída: 31,25% na colheita; 31,25% na culinária; 12,50% no transporte; 23,45% na indústria e 1,56% no varejo/mercado.
A quantidade de alimentos desperdiçados diariamente no Brasil é suficiente para alimentar 19 milhões de brasileiros (10% da população), com 3 refeições básicas: café da manhã, almoço e jantar, ou seja, não falta comida.
E o custo ambiental disso tudo? Quando esses alimentos vão para o lixo, entopem-se lixões e aterros sanitários.
Os impactos são sentidos pela sociedade e pelo meio ambiente de diversas formas, já que jogar fora o que sobrou no prato não é só se desfazer de comida, mas também desperdiçar a água e energia usados na produção e transporte desses alimentos até a mesa do consumidor.
Reduzir as perdas pode significar um impacto imediato e significativo nos meios de subsistência alimentar.
Uma das medidas a serem adotadas a nível municipal para diminuir o desperdício de alimentos seria a inclusão da matéria socioambiental na grade curricular das escolas públicas municipais, orientando e esclarecendo sobre a importância do não desperdício do alimento, formas de sua reutilização e reaproveitamento e consumo consciente.
Os municípios do Oeste Goiano não possuem políticas públicas voltadas para a conscientização e orientação sobre o problema aqui tratado ou sua redução.
A solução do desperdício de alimentos não depende exclusivamente de políticas públicas, mas do envolvimento e comprometimento da sociedade em geral, melhorando a colheita, transporte, acondicionamento, armazenamento, preparo e reaproveitamento dos alimentos.