O volume de água na vazão da barragem de captação para o abastecimento da cidade de Iporá diminui ainda mais. Nove dias depois verifica-se o agravamento da situação no ribeirão Santo Antônio. A reportagem tem números desta manhã de sexta-feira, 24.
Ainda está vertendo água na barragem. Porém, bem reduzida, algo em torno de 5 litros por segundo enquanto se faz a captação, enquanto antes, a Saneago captava 94 litros por segundo. Ou seja, a vazão total do Ribeirão Santo Antônio é por volta de 99 litros por segundo. A régua de medição colocada no local mostrava nesta manhã de sexta-feira estar a 0,5 cm acima do vertedouro. A Saneago está captando 95% da vazão. Os números foram coletados por Dérick Martins, funcionário da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e que está a disposição da UEG de Iporá, com atuação na área ambiental da região.
A crise hídrica é grave, tal como no ano de 2017, quando chegou a faltar água em algumas torneiras de residências de Iporá, especialmente em partes mais altas da cidade. Observa-se a vazão diminuir, enquanto se espera por chuvas que possam reverter essa situação.
A vazão depende de fatores como a quantidade de chuvas e de sua distribuição ao longo do ano, bem como do comportamento do lençol freático que, ao ser recarregado durante o período chuvoso, influencia na vazão dos mananciais durante os períodos de estiagem. Porém, se as recargas são ineficientes e as chuvas mais escassas, isto implica na diminuição da vazão nos períodos mais críticos.
Estudo realizado sobre o rebaixamento do lençol freático no município de Iporá por Sousa (2021), indica que o rebaixamento ocorre de março a outubro, sendo que em áreas de rochas cristalinas como granitos e gnaisses, este rebaixamento se prolongou até novembro, devido ao retardo nos processos de infiltração, mesmo após ao início das chuvas. O estudo constatou ainda que os níveis do lençol freático em abril de 2021 não atingiram os níveis que estavam em março de 2020, indicando uma deficiência da recarga no período. Estes fatores somados ao declínio das chuvas implicam diretamente na disponibilidade de água.
Neste sentido, é necessário que haja ações emergenciais para assegurar o consumo humano de água, visto que é um uso prioritário garantido em lei. As ações devem ser realizadas pelo poder público em conjunto com a sociedade civil, como por exemplo, reduzir, paralisar ou escalonar os usos hídricos não prioritários feitos pelos usuários rurais que estão localizados na bacia do Ribeirão Santo Antônio, acima da captação da Saneago, com a finalidade de aumentar a vazão que chega no local de captação e também a redução do consumo pelos usuários urbanos, com o intuito de diminuir a demanda pela captação que abastece a cidade, além de ser implementados outras ações para assegurar o abastecimento público.