Na manhã da última sexta-feira, 4, a Delegacia de Polícia Civil de Caiapônia, com apoio da Polícia Militar, desencadeou a Operação Anjo da Guarda 2, que resultou no cumprimento de Mandados de Prisão Preventiva em desfavor de NILSON ALVES DE SOUSA, 42 e de NOÊMIA CÂNDIDA DE JESUS SOUSA, 49 anos. Estes cometeram vários crimes de estupro de vulnerável em rituais de magia negra, tendo como vítimas crianças e adolescentes.
As investigações apontaram que o investigado NILSON, na condição de líder da seita, recebia diversas pessoas da sociedade local, que se submetiam a rituais no sentido de terem resolvidos conflitos familiares, financeiros, amorosos e até mesmo de ordem política, além da cura de doenças.
Umas das seguidoras da seita, a investigada NOÊMIA, teria ofertado ao seu líder, três netas, sendo duas crianças de 07 e 10 anos e uma adolescente de 13 anos de idade, para serem abusadas sexualmente como sacrifício a entidade que incorporaria no investigado NILSON no momento dos rituais.
A coragem das mães das crianças em levarem o caso ao conhecimento das autoridades, mesmo tendo como uma das autoras, a própria avó das vítimas, foi fundamental tanto para garantir o sucesso das investigações, como também para a proteção e assistência das vítimas.
Segundo o Delegado Marlon Souza Luz, titular da Delegacia de Polícia Civil de Caiapônia-GO, durante a realização da operação policial, que além das prisões, cumpriu mandados de busca e apreensão nos acampamentos dos investigados, resultando na localização de farto material probatório, os investigados confessaram a prática dos crimes, detalhando a forma dos abusos, apontando ainda a presença de políticos e pessoas da alta sociedade nos locais dos rituais, funcionando ultimamente em um acampamento as margens da GO-221, distante cerca de 8 km da cidade.
“Com a prisão dos investigados e a apreensão do material encontrado, dentre vestimentas utilizadas nos rituais, símbolos religiosos, material pornográfico, aparelhos celulares, anotações diversas e sobretudo diários com relatos detalhando os rituais e os estupros, teremos condições de apontar a existência ou não de outras vítimas e se os frequentadores e seguidores da seita também participaram dos abusos sexuais, o que poderá resultar em mais prisões”, afirmou o delegado.
Por último, o delegado Marlon Luz, esclareceu que uma gravação em vídeo, na qual a testemunha FRANCISCO, vulgo CEARÁ, companheiro da investigada NOÊMIA, aparece confessando os estupros, foi gravado dias antes da operação e publicado após as prisões, demonstrando nitidamente a intenção de confundir a opinião pública. Os autos do Inquérito Policial indicam elementos de informação e de prova consistentes quanto a autoria dos crimes. Ainda segundo o delegado, o teor da confissão em vídeo, demonstra a total incongruência com as declarações das vítimas, que inclusive estavam sendo ameaçadas e coagidas a não revelarem os autores, fundamentando assim em parte a decretação das prisões. Do mesmo modo, os elementos de prova levantados pela investigação, apontam com clareza a dinâmica dos fatos e os indícios de autoria.
O delegado conclui que no vídeo, percebe-se facilmente que FRANCISCO, na condição de seguidor da seita, está sendo orientado na gravação quanto ao que deve falar, além de demonstrar nitidamente total insegurança e incômodo com a suposta confissão. Em depoimento formal a Polícia Civil, a testemunha FRANCISCO, apontou que teria sido convencido pelo investigado NILSON a gravar a confissão, inclusive sendo esse o responsável pela filmagem.
Obs. O nome da operação faz referência as forças policiais da cidade que têm combatido com veemência os crimes sexuais praticados contra crianças e adolescentes, praticados quase que de maneira epidêmica na cidade.