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Estudo mostra a gravidade da degradação na bacia do Santo Antônio

Executamos na alta bacia hidrográfica do Santo Antônio (parte acima da captação da SANEAGO) uma pesquisa de mestrado (Mestrado em Geografia da UFG – Jataí).

Essa parte da bacia hidrográfica do ribeirão Santo Antônio é a única fornecedora de água para abastecimento da cidade de Iporá (GO), demonstrando a importância de se compreender a dinâmica dos recursos hídricos na referida bacia.

O estudo objetivou demonstrar como as características físicas e ambientais influenciam a disponibilidade dos recursos hídricos da bacia. Para isso foram feitas a caracterização fisiográfica e morfométrica, a avaliação da pluviosidade média e no período da pesquisa (2015 e 2016), o monitoramento da vazão do ribeirão Santo Antônio nos anos de 2015 e 2016 e a análise do sistema de captação e abastecimento de água da SANEAGO.

No trabalho de caracterização fisiográfica foram utilizados métodos de descrição e mapeamento com o apoio do arcabouço teórico, para entender melhor os aspectos físicos da bacia. Também foram realizadas incursões em campo, visando a validação das informações cartográficas, bem como o levantamento de informações que não foram visualizadas em mapas.

A análise dos dados demonstra que na bacia existem cinco unidades geológicas diferentes, cinco tipos de solos e uso da terra predominante por pastagens, o equivalente a 66% da área da bacia. As áreas de vegetação natural correspondem apenas a 24% da área da bacia e as áreas de preservação permanente estão em sua maioria degradadas ou é inexistente.

A diversidade geológica presente na bacia contribuiu na formação de um relevo movimentado com amplitude altimétrica elevada, por se tratar de rochas com diferentes idades e diferentes resistências ao intemperismo.

 

Na análise morfométrica foram selecionados e aplicados vinte e oito parâmetros para serem analisados com a finalidade de obter informações das características físicas e hidrográficas da bacia em estudo. Para o desenvolvimento do trabalho, os parâmetros foram adquiridos por meio de geoprocessamento e calculados com a utilização de fórmulas específicas. Os resultados da análise morfométrica mostraram que a bacia não é propensa a inundações, e possui bom escoamento superficial, porém é suscetível a erosões e ao carreamento de sedimentos, além de desfavorecer na recarga hídrica. Dessa forma, o uso da terra sem observação dos critérios geomorfológicos de uso e ocupação, poderá contribuir para agravar o problema de maior velocidade no escoamento superficial e, como consequência, reduzir ainda mais a regarga hídrica do lençol frático.

 

Dessa forma, fica exposta a necessidade de um planejamento ambiental minucioso para evitar a perca das águas pluviais sem que essas tenham tempo de infiltrarem nos solos e recarregarem o lençol freático que sustentará o abastecimento das nascentes e em consecutivo toda a rede fluvial até o ponto exutório, que é o local de captação da água da bacia para abastecimento público da cidade.

 

A avaliação pluviométrica média e no período da pesquisa, trouxe informações da pluviosidade intrínseca do clima local, e as variações que ocorrem durante os anos, podendo compreender a quantidade de entrada de água na bacia, correlacionando com os dados de vazão do ribeirão.

 

O trabalho de medições de vazão foi dividido em nove campanhas de campo para medições de vazão ao longo de dois anos. As referidas medições ocorreram inicialmente de três em três meses, sendo a primeira em Julho/2015, a segunda em Outubro/2015, a terceira em Janeiro/2016, a quarta em Abril/2016, e, posteriormente, feita mensalmente até Setembro/2016. Pode-se constatar no período de monitoramento, que o mês de menor vazão foi Setembro/2016 e o de maior vazão foi o de Janeiro/2016.

 

Na análise do sistema de captação e abastecimento, foram feitas análises nos arquivos disponibilizados pela gerência da SANEAGO de Iporá e análise no processo e parecer de outorga expedida pela SECIMA. As análises mostram que o sistema de captação ainda está satisfatório, mas nos dois últimos meses do período de estiagem, ou seja, setembro e outubro, apresentam irregularidades perante as exigências da outorga. Os resultados mostram que serão necessários investimentos no do sistema de captação para manter a vazão do ribeirão Santo Antônio normalizada a jusante do ponto de captação.

 

A caracterização dos solos, do uso das terras e da cobertura vegetal, reforçou o entendimento sobre o estado atual da bacia, que é ocupada predominantemente por pastagens, e que é necessário uma recuperação urgente das APP’s, sobretudo as matas ciliares. Nos locais onde o uso da terra é por agricultura, é necessario uma atenção especial, pois geralmente coicidem com os ambientes favoráveis para a recarga do lençol freático, por serem mais planos e o solo mais profundo. Deve haver aplicações de técnicas de contenção das águas pluviais, como curvas de nível e bacias de contenção, para evitar a erosão dos solos e das águas, especialmente onde haja estradas não pavimentadas.

 

Com base nas características elencadas e analisadas, é necessário que se faça planejamento ambiental para o uso e ocupação da bacia, observando os aspectos físicos do relevo e do solo, e assim evitar problemas que possam causar a redução na quantidade de água que flui, o que pode afetar o abastecimento hídrico da cidade, em curto, médio e longo prazo.

 

O trabalho de monitoramento da vazão do ribeirão Santo Antônio forneceu informações sobre a quantidade de água do ribeirão em diferentes épocas do ano, e mostrou também que existe uma grande variação da vazão de acordo com a quantidade e a distribuição da precipitação durante o ano. A análise dos dados de vazão, juntamente com os dados de captação da SANEAGO, mostrou que o a água do ribeirão Santo Antônio está sendo captada em mais da metade para abastecer a cidade de Iporá no período crítico de estiagem, que varia entre os meses de setembro e outubro. Em outras palavras, a SANEAGO não está respeitando as normas legais de captação contidas na outorga.

 

Por mais que na lei Nº 9.433/97 em seu art. 1º, no III parágrafo diga que “em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais”, o investimento em melhorias para não ocasionar em uma crise hídrica é fundamental. A gestão planejada e antecipada deve acontecer para não ser necessário chegar em situações extremas.

 

A infraestrutura da captação e abastecimento da SANEAGO é sufuciente e tem a capacidade de produção de 180,00 l/s, que é capaz de abastecer uma população de 58.000 habitantes. Porém a oferta de água do ribeirão Santo Aantônio entre os meses de setembro e outubro já não está suficiente para atender a demanda atual de 29.489 habitantes. É necessário tomar medidas de investimento em soluções que contribua para um maior aumento na vazão do Ribeirão Santo Aantônio, ou até a construção de um sitema de barramento, onde armazene água para os meses mais críticos, além de se pensar em outras fontes de captação de água para sustentar as demandas da população.

 

Como medidas paleativas, deve haver uma política de educação ambiental para a redução no consumo e desperdício de água, no intuito de diminuir a demanda de retirada de água do Ribeirão Santo Aantônio e evitar degradações ambientais no ambiente aquático a jusante da captação.

 

Outras medidas que diminuiriam a pressão da captação no RSA seriam instalações de sistemas de aproveitamento das águas das chuvas nas residências, além da reutilização da água por sistemas inteligentes de aproveitamento sustentável das águas.
Se todas as medidas forem tomadas e aplicadas corretamente, o Ribeirão Santo Aantônio será capaz de abastecer a cidade de Iporá conforme a capacidade de produção do sitema de captação e abastecimento da SANEAGO que é 180 L/s, podendo abastecer até 58.000 habitantes, comportando o aumento de mais 28.511 habitandes, ou seja, quase o dobro da população urbana atual.

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